Introdução: O que não se vê, também precisa de cuidado
Vivemos em um mundo acelerado, com rotinas exigentes, telas por todos os lados e uma pressão invisível que afeta não apenas os adultos, mas também as crianças. A saúde mental infantil, muitas vezes negligenciada, é fundamental para o desenvolvimento pleno de uma criança. Cuidar do emocional desde os primeiros anos é construir uma base segura para a vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde, 1 a cada 8 crianças no mundo apresenta algum tipo de transtorno mental. Por isso, precisamos falar sobre o que realmente importa: o sentir, o escutar e o acolher.
O que é saúde mental infantil?
Saúde mental infantil é o estado de bem-estar em que a criança desenvolve suas competências emocionais, estabelece relações positivas, reconhece e expressa sentimentos e consegue lidar com desafios e frustrações. Isso envolve:
- Sentir-se segura e amada
- Ter espaço para brincar e explorar
- Ser ouvida e validada emocionalmente
- Receber limites com respeito e previsibilidade
A saúde mental não significa não sentir tristeza, raiva ou medo. Pelo contrário: significa conseguir lidar com essas emoções de forma saudável, com apoio e afeto.
Sinais de alerta: Quando se preocupar?
Nem sempre é fácil diferenciar comportamentos típicos da infância de sinais que indicam sofrimento emocional. Alguns sinais de alerta são:
- Alterações bruscas de humor
- Mudanças no sono ou no apetite
- Isolamento social
- Medos intensos e frequentes
- Regressão de habilidades já adquiridas (como voltar a fazer xixi na cama)
- Irritabilidade constante
- Queixas físicas sem causa médica (dor de barriga, dor de cabeça)
Observar com empatia, sem julgar, é o primeiro passo para apoiar.
Fatores de risco no cotidiano moderno
O estilo de vida atual impõe desafios emocionais às crianças:
- Excesso de telas: prejudica o sono, a atenção e a capacidade de interação social.
- Rotinas sobrecarregadas: sem espaço para o brincar livre.
- Estresse familiar: conflitos, gritos e punições constantes aumentam o cortisol da criança.
- Pouco tempo de qualidade com os cuidadores: afeta o vínculo afetivo.
- Cobranças excessivas por desempenho: em vez de encorajar, geram medo de errar.
Como fortalecer a saúde mental das crianças na rotina
- Estabeleça uma rotina segura e previsível
Horários para acordar, comer, brincar e dormir criam uma sensação de estabilidade emocional. - Ofereça tempo de brincar livre todos os dias
Brincar é essencial para processar emoções, resolver conflitos internos e desenvolver criatividade. - Nomeie e valide as emoções
“Eu entendo que você está com raiva porque quer continuar brincando.” Ensinar a nomear sentimentos ajuda a regulá-los. - Pratique escuta ativa
Sem interromper, sem corrigir. Apenas escute com o coração presente. - Ensine estratégias de autorregulação
Respiração profunda, cantigas, abraços, objetos sensoriais. - Evite comparativos e rótulos
Frases como “ele é bravo” ou “ela é manhosa” ferem a autoestima.

A relação entre a saúde mental da mãe/pai e da criança
Crianças são profundamente conectadas emocionalmente aos seus cuidadores. Quando uma mãe vive em constante estresse, culpa ou exaustão, a criança sente. Por isso:
- Cuide da sua saúde mental: terapia, apoio da rede, pausas reais.
- Reduza a autocobrança: você não precisa ser perfeita.
- Permita-se descansar sem culpa: descanso também é cuidado com a criança.
Dicas práticas por faixa etária
0 a 2 anos:
- Contato físico frequente
- Rotina e previsibilidade
- Cuidadores afetivamente presentes
2 a 4 anos:
- Brincadeiras simbólicas (faz de conta)
- Nomear sentimentos com histórias e músicas
- Espaço para explorar com autonomia
5 a 7 anos:
- Conversas curtas e respeitosas sobre emoções
- Livros infantis que abordem sentimentos
- Encorajamento sem cobrança
Quando buscar apoio profissional?
Se os sinais de alerta persistirem ou causarem sofrimento à criança e à família, é hora de buscar ajuda psicológica. A psicoterapia infantil, especialmente a lúdica, pode ser um espaço de escuta, acolhimento e fortalecimento emocional. Não há vergonha em procurar apoio. É um ato de coragem e amor.
Conclusão: Uma infância cuidada é um futuro protegido
Cuidar da saúde mental de uma criança é ensinar que todas as emoções merecem existir, ser sentidas e compreendidas. É mostrar que mesmo quando o mundo parece acelerado demais, sempre haverá um colo onde ela pode respirar. Que esse colo seja o nosso.
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