Se o seu bebê dormia bem e, de uma hora para outra, começou a acordar chorando várias vezes por noite, pode parecer um grande retrocesso — mas, na verdade, isso é um marco comum chamado regressão do sono. Embora essa fase traga cansaço e frustração para pais e cuidadores, ela é natural, previsível e faz parte do desenvolvimento saudável da criança.
Neste artigo, vamos explorar as cinco principais fases da regressão do sono, o que acontece em cada uma delas e como lidar com mais tranquilidade, sem criar novos hábitos difíceis de sustentar depois. Com empatia, paciência e informação de qualidade, é possível atravessar esse período com mais leveza.
O Que É a Regressão do Sono e Por Que Acontece
A regressão do sono é uma mudança temporária no padrão de sono de um bebê ou criança pequena, caracterizada por despertares frequentes, dificuldade para adormecer, resistência a cochilos e maior irritabilidade. Pode durar de alguns dias até algumas semanas, dependendo do bebê e das estratégias adotadas pela família.
Esse fenômeno está intimamente ligado a saltos de desenvolvimento e a maturações do sistema nervoso central. Conforme a criança aprende novas habilidades motoras, cognitivas ou emocionais, o cérebro dela se reorganiza — o que interfere diretamente na qualidade do sono.
De acordo com a American Academy of Sleep Medicine e diversos estudos pediátricos, esses períodos de regressão geralmente coincidem com idades específicas, pois marcam transições importantes no desenvolvimento infantil.
Além dos fatores biológicos, aspectos emocionais como a ansiedade de separação, mudanças na rotina familiar (volta ao trabalho dos pais, viagens, nascimento de um irmão) e o início do desfralde também podem influenciar no sono.
As 5 Principais Fases da Regressão do Sono
Fase 1: Regressão dos 4 Meses
Essa é considerada a primeira grande mudança no padrão de sono do bebê. Antes dos 4 meses, os recém-nascidos têm um sono mais profundo e contínuo. A partir desse ponto, eles passam a apresentar ciclos mais curtos e leves, semelhantes aos dos adultos — com transições mais frequentes entre sono profundo e leve, o que pode causar mais despertares.
Como Superar:
- Crie um ritual noturno previsível: banho morno, luzes baixas, música calma e amamentação ajudam a sinalizar que é hora de dormir.
- Invista no ambiente de sono: um quarto escuro, silencioso e fresco contribui para um descanso melhor.
- Acalme com a presença: muitos bebês nessa fase precisam apenas de um toque suave ou da voz da mãe para voltar a dormir.
Evite recorrer a métodos de “treinamento do sono” rígidos nessa idade, pois o bebê ainda está construindo segurança afetiva.
Fase 2: Regressão dos 8 a 10 Meses
Esse período marca um verdadeiro salto de desenvolvimento: o bebê pode começar a engatinhar, ficar em pé com apoio e emitir novas sílabas. Ao mesmo tempo, surge a ansiedade de separação, um marco emocional que faz com que ele se assuste ao perceber que está sozinho no berço.
Como Superar:
- Seja previsível nas despedidas: diga boa noite com firmeza e evite desaparecer sem avisar. Isso ajuda o bebê a confiar que você volta.
- Inclua jogos de “esconde-achou” durante o dia, pois eles ajudam a criança a compreender que as pessoas voltam.
- Evite responder ao choro imediatamente com estímulo excessivo (como brinquedos ou luzes), pois isso pode reforçar despertares frequentes.
Lembre-se: é um pedido de conexão, não de manipulação.
Fase 3: Regressão dos 12 Meses
Ao completar 1 ano, o bebê passa por mudanças importantes no padrão de sono diurno. Muitos começam a fazer apenas uma soneca, o que pode gerar cansaço acumulado e noites agitadas. A conquista da marcha e o desenvolvimento de maior independência também tornam essa fase mais desafiadora.
Como Superar:
- Ajuste a rotina conforme a criança demonstra sinais de cansaço: observe se ela está lutando contra a segunda soneca ou dormindo mais tarde que o habitual.
- Use recursos visuais como livros de rotina ou canções de ninar para sinalizar o momento de descanso.
- Valorize o tempo de conexão no final do dia — contar histórias, cantar ou simplesmente conversar em um tom suave ajuda a desacelerar.
Essa transição pode levar semanas até o corpo da criança se adaptar a um novo ritmo.
Fase 4: Regressão dos 18 Meses
Nesta etapa, ocorre uma verdadeira explosão de linguagem. A criança começa a usar palavras, expressar vontades e explorar a própria autonomia. Junto disso, surgem comportamentos desafiadores e mais resistência na hora de dormir.
Como Superar:
- Dê pequenas escolhas: “Você quer dormir com o ursinho ou com o livrinho?” Isso oferece sensação de controle sem abrir mão da rotina.
- Inclua um tempo de “descompressão” antes de dormir, sem telas ou estímulos intensos.
- Mantenha a firmeza com acolhimento: é possível dizer “não” ao pedido para sair do berço com carinho e constância.
Evite criar novas associações para o sono, como dormir no colo ou na cama dos pais, se isso não for o que você deseja manter no longo prazo.
Fase 5: Regressão dos 2 Anos
Com 2 anos, muitas crianças estão vivendo o início do desfralde, mudanças alimentares e até a entrada na escola. Medos noturnos (como monstros ou escuridão) também aparecem. Tudo isso interfere diretamente na tranquilidade do sono.
Como Superar:
- Crie um ritual visual e concreto: uma sequência simples de ações (escovar os dentes, colocar o pijama, ouvir uma história) pode ajudar a criança a se sentir segura.
- Ofereça um objeto de transição: pode ser um bichinho ou paninho que a acompanha na hora de dormir.
- Valide os medos, sem alimentá-los: evite dizer que “monstros não existem”, e sim reconheça que ela se sentiu assustada e que você está ali para protegê-la.
É normal que essa fase exija paciência e flexibilidade, mas manter a rotina ajuda a recuperar a estabilidade.
Como Lidar com a Regressão do Sono Sem Desespero

A regressão do sono não precisa ser enfrentada com exaustão e desespero. Ao invés de buscar soluções imediatas, foque em estratégias que respeitem o desenvolvimento da criança e o bem-estar da família.
Dicas práticas que funcionam em todas as fases:
- Rotinas consistentes dão segurança emocional e reduzem resistências.
- Rituais de sono calmos e previsíveis ajudam o corpo a entender que está na hora de relaxar.
- Evite associar o sono a estímulos como TV, celular ou barulho, que dificultam o adormecer.
- Cuide da sua saúde mental: procure descansar sempre que possível, aceite ajuda e lembre-se de que você também importa.
Se a regressão se prolongar por mais de 4 semanas, ou se houver sinais de outros distúrbios de sono (como apneia, roncos frequentes ou irritabilidade excessiva), vale buscar orientação com um pediatra ou especialista em sono infantil.
Conclusão
A regressão do sono pode parecer um desafio sem fim, mas é apenas uma fase transitória no incrível processo de crescimento do seu filho. Cada despertar noturno, cada mudança no padrão de sono, está ligado ao desenvolvimento físico, emocional e cognitivo da criança.
Com compreensão, rotina e estratégias adequadas, é possível atravessar cada fase da regressão do sono com mais tranquilidade e segurança. Lembre-se: você não está sozinha nessa jornada. Pais informados tomam decisões mais conscientes — e isso impacta diretamente na qualidade de vida da família toda.
Confie no seu instinto, acolha os desafios com leveza e saiba que noites mais calmas estão a caminho.
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A regressão do sono pode ser desafiadora, mas com compreensão e estratégias afetuosas, é possível atravessar essa fase com mais leveza. Se você está buscando apoio e dicas práticas para melhorar o sono do seu bebê, estou aqui para ajudar.
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Passei por tudo isso não faz muito tempo. É cansativo mas gostoso.